Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

27 agosto 2006

Frase de camiseta

"Procure me amar quando eu menos merecer
porque é quando eu mais preciso"


(li essa frase numa camiseta. esse poema eu não escrevi)

25 agosto 2006

Caravela Ela

Tudo que há em ti,
Para mais simples ser:
Tudo que há em mim.
Tu pois, que te fizeste espelho
Para que eu pudesse me refletir
Hoje és minha bússola
Hoje: te vejo,
Navego em tua plenitude
Não te tenho porém.

Solitude minha
Causada por tua volatilidade
Evaporas o quão cedo
E me escapas por entre os dedos
Em vazio me fico
Já que também fora,
Por entre meus lábios,
Teus beijos.

Minhas palavras
Tão simples por si só
Não te resumem, nem te concretizam
Tu, mais que eu em lua bela
és grande caravela, bela demais
Faze-me sonhar com o palpável
E navegar solitário por mares irreais.

Luz vagante ao dia
Super incandescente
És a minha nebulosa guia
De tão grande que és,
De tão complexa;
Caravela! (de osso e coração)
Para onde fores
Leva-me.

23 agosto 2006

Saudade

Escrevo de saudade
De um dia
Não poder aqui estar

E se lá estou
Como agora
Fico pensando
Como posso
Voltar.

20 agosto 2006

Verdejar

Da luz, vive a vida
Da chama, o amor
Assim, não desigual
Da melancolia, o poeta que sou

Em dias tristes,
Com tempestade de lembranças,
Se desfaz o meu coração
Que, dantes, ardia-se em chamas

E do que era belo
Se faz perfeita escuridão
Por ser um dia comum
Um dia de intensa paixão

Vento e chuva
Ambos em melodia
Trazem-me a alegria
N'alma que, talvez um dia,
Há de ser feliz

E há de acontecer somente
O dia em que viverei contente
Quando em meu jardim
Tudo florescer

Da chuva dos olhos
Nascerá quase sem igual
Um novo dia feliz,
Um dia de domingo carnaval

E há de acontecer somente
O dia em que viverei contente
Quando, o que se faz negro,
Verdejar

Quando, enfim,
A razão do meu riso for
O belo e raro
Verdeolhar...


Paranaíba 11/08/2003

16 agosto 2006

Recado Pra Iaiá

Fique sentada
No banco daquela praça
Onde um dia eu a conheci

Espere um pouquinho
Pois irá pousar ao seu lado
Um pequeno passarinho
Levando um poema que fiz

Pode ser que ele demore!
É que talvez voe antes até longe
Pra dar um beijo
Na sua namorada.

:

Feliz é o passarinho,
Que de poesia não entende nada;
Pois, por Deus ter lhe dado asas,
Nunca provou
O amargo gosto da saudade.


15 agosto 2006

Pobre Mundo

Nesta vida
Eu nunca andei descalço
Eu nunca fui tão alto
A ponto de poder tocar as nuvens

Neste mundo
Sempre andei nas calçadas
Com a bota a apertar os meus pés
E com as nuvens de fumaça
Escondendo as nuvens da garoa
Que nunca puderam irrigar o meu caminho

Andei por todos os lados
Sem conhecer todos os caminhos
Que a vida faz para todos
E que para mim
Ela fez em labirintos
Porque sempre estive preso

Em todos os momentos
Eu nunca me senti seguro,
Como se estivesse talvez,
Se dono do mundo eu fosse
Pois eu poderia escolher
O modo mais certo para poder errar

Mesmo gozando da liberdade
De poder sonhar, sorrir e ser feliz
Sempre sonhei com um mundo meu
E como nunca o tive
Eu nunca sorri
Se não sorri, nunca fui feliz

Sempre fui do mundo
Porém ele nunca foi meu
Nunca me permitiu amar
Nem me deu o direito
De poder ter de volta
O meu coração

Queria apenas de volta
O mundo que o mundo me roubou
Queira voltar no tempo
Para andar com os pés no chão
Para catar as nuvens do céu
E saber se são mesmo de algodão

Se eu pudesse sonhar
Eu pediria ao mundo
O meu direito de sonhar
A minha alegria de sorrir
E a minha felicidade
De ser feliz

Eu pediria de volta também
O meu coração;
O alegre coração que chora
O triste coração
Que ainda sorri,
O mesmo coração que,
Um dia,
O mundo não quis.

13 agosto 2006

Beijo de Carnaval

Eu vinha caminhando por aí
Entre gente que sorria
Entre gente que cantava
Não sei de onde apareceu
Só sei que, num segundo
O que me era estranho
Se esclareceu.
Um "Oi"
Um olhar
No instante seguinte:
Trocas de DNA...
Nem sequer molhei os lábios
E já livrei-me do forte abraço.
Não olhei para trás
Continuei andando
Procurando o que,
Naquele momento,
Eu já nem sabia
O que procurava mais.


**Um abraço ao amigo Luis Otávio, que musicou esse poema

11 agosto 2006

Poesia Encomendada

Armazém São José
Uma dose de caipirinha
Voltar pra casa a pé

Bloquinhos de cimento
Aperto de mão
Um olhar
Chão

Ah se eu me chamasse João!
Seria apenas uma rima
Não seria a solução

Mas há quem escreva poema sem rima
E há quem entenda
Palavras sem sentido.


**Poesia(?) encomendada, escrita acidentalmente, que vai desde Curitiba até Carlos Drummond de Andrade.


10 agosto 2006

O pega-pega
O piquesconde
A pipa – papagaio ou maranhão
A bola de gude
O rolimã
A amarelinha
E o pião
Ficaram sob a cama
Enquanto dorme
O menino passarinho

E lá do alto ele quer mais
“Por que o céu é tão baixinho?”

07 agosto 2006

- Menino, tá na hora de dormir.
- Então conte uma história de Era Uma Vez!

Enquanto a mãe contava
A história de Era Uma Vez
O menino calado se fez

Não piou, não pediu para repetir
Foi pegando no sono devagarinho
Até voltar para o seu ninho

Que as crianças não são como os adultos!
Possuem alma de passarinho
Que de dia voa baixinho

Mas que em sono volta ao seu lugar,
(ao mundo dos sonhos)
Onde, além do céu,

Se pode voar.


**Para Cecília

06 agosto 2006


A lua
Pegou emprestada
A luz do sol

Mas lá do outro lado
O sol não viu
Que a lua daqui
Pegou a sua luz

E dela fez
Guia aos navegantes
E inspiração
Aos apaixonados

03 agosto 2006

O Caçador de Palavras

De sonhos
Colori minhas palavras
E joguei-as para o alto

As palavras se foram,
Mas os sonhos
Por serem eternos
Deixaram no ar
A sua cor

E agora brilham os sonhos
Formando no céu
Os poemas que ainda não fiz;

E todas as noites
Vou à minha janela
Colher uma estrofe
Ou uma rima qualquer

Assim faço
(como posso)
Um poema sem palavras

Quando não vou à minha janela
Passeio pela noite escura
Sob as palavras que estão por aí
As extintas palavras
Que, de sonhos,
Colori

Para onde foram?

Às vezes sinto que estou perto
De qualquer sílaba que me leve
Ao verso final
Pois sempre vejo
Palavras caindo sem porquê

Eu sei
Que jamais as terei de volta
Ainda que no céu
Tenha restado apenas o seu brilho

Mas, guiado pelos sonhos,
Continuo à procura
Das palavras que perdi

Mesmo que não voltem mais,
Mesmo que, sem saber,
Digam por aí
Que eu sou apenas
Um sonhador
Que todas as noites
Contempla inutilmente
As estrelas do céu.



** Dedico esse poema a todos aqueles que sonham

02 agosto 2006

Olhos de Mar

Do seu silêncio faço um belo canto
Suave veludo como o som do mar
Quando sinto n'alma o brotar do pranto
Das água, o amor, faço transformar

E nesse amor mora a felicidade
Harmoniosa como o canto que eu fiz
Faz-se impossível morrer de saudade
Pois é nele que me faço feliz

Posso dizer do amor que vivo agora
Que, no encanto da luz de seu olhar,
Foi onde espelhou Deus o céu e o mar

Sinto um forte pulsar em cada aurora
Pois é ela que vem me presentear
Sempre trazendo a luz do verdeolhar.


**Para Karen (quando ela tinha os olhos verdes)

01 agosto 2006

O Meu Tempo

O tempo
Que tempo?
Para que serve
O tempo?
Para eu perder
A carona
Para eu andar depressa,
Para ocupar
O meu dia-a-dia
Com coisas inúteis:
Poesias

O tempo não pára
Ele só existe
Porque sei que existe
Se eu fosse um corredor
Poeta não seria
Porque eu uso a poesia
Apenas para preencher
O tempo
Do meu inútil
Dia-a-dia.