Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

15 agosto 2006

Pobre Mundo

Nesta vida
Eu nunca andei descalço
Eu nunca fui tão alto
A ponto de poder tocar as nuvens

Neste mundo
Sempre andei nas calçadas
Com a bota a apertar os meus pés
E com as nuvens de fumaça
Escondendo as nuvens da garoa
Que nunca puderam irrigar o meu caminho

Andei por todos os lados
Sem conhecer todos os caminhos
Que a vida faz para todos
E que para mim
Ela fez em labirintos
Porque sempre estive preso

Em todos os momentos
Eu nunca me senti seguro,
Como se estivesse talvez,
Se dono do mundo eu fosse
Pois eu poderia escolher
O modo mais certo para poder errar

Mesmo gozando da liberdade
De poder sonhar, sorrir e ser feliz
Sempre sonhei com um mundo meu
E como nunca o tive
Eu nunca sorri
Se não sorri, nunca fui feliz

Sempre fui do mundo
Porém ele nunca foi meu
Nunca me permitiu amar
Nem me deu o direito
De poder ter de volta
O meu coração

Queria apenas de volta
O mundo que o mundo me roubou
Queira voltar no tempo
Para andar com os pés no chão
Para catar as nuvens do céu
E saber se são mesmo de algodão

Se eu pudesse sonhar
Eu pediria ao mundo
O meu direito de sonhar
A minha alegria de sorrir
E a minha felicidade
De ser feliz

Eu pediria de volta também
O meu coração;
O alegre coração que chora
O triste coração
Que ainda sorri,
O mesmo coração que,
Um dia,
O mundo não quis.