Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

29 abril 2007

1985

Eu tinha medo do escuro

Eu tinha medo de papai noel

Eu tinha medo de bêbado

Eu tinha medo de palhaço

Eu tinha medo de carro

Eu tinha medo de trovão

Eu tinha medo de baratas;

E hoje, bêbado e palhaço,



eu tenho medo de me apaixonar

18 abril 2007

carta não-mandada n°1

hoje eu sonhei com você, Ana.
e você, Querida, que entende de sonhos
sabe que na noite passada ninguém me ligou
e eu vaguei pela cidade
em busca de um amor igual ao seu.
eu não preciso dizer que voltei somente com o troco no bolso
e ainda, e mais, sem a esperança de antes:
de quando a juventude fez de nós
amantes.
sonhei com você, minha Ana
e só de dizer isso
você sabe o quanto os dias têm me levado;
e eu grito, e eu choro, e eu sonho,
e você não me ouve.
você insiste em se esconder
e aparece somente quando estou fraco,
quando estou trôpego, quando estou vil,
quando estou de olhos fechados.
eu sei que é somente assim
que você se mantém viva
porém eu lhe peço: vá embora!
porque enquanto você vive
eu morro.
pode levar com você o meu coração
as minhas vísceras, a minha razão
o meu poema...
leve tudo,
'que este velho amor já se apodreceu em meu peito,
e agora não é nada mais do que um verme
a consumir meu cadáver
enquanto eu durmo o sono
das infinitas noites enfermas.