Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

26 novembro 2006

Suíte Cabaré


Estão todos convidados. Ingressos comigo!

24 novembro 2006

Poeticamente Real

Belo par de brincos.
Interessante.
Qual seu nome?
Humm.. belo nome.
José.

É verdade.
Às vezes, e você?
Prefiro branco.
Não sei.
Eu já assisti e gostei.
Talvez.
É...

São verdes?
Muito bonitos.

Você faz o quê?
Mesmo? Eu também.
Podemos sim.
É...
Legal...
Sozinho...
Pode ser!
Então anota aí.
Eu não tenho, só fixo mesmo.
Pode deixar.

Ah, gentileza sua...
Você tem esse jeito assim.
Esse eu nunca li.
Ah, tanto faz.
Que pena.

O meu é aqui.
Eu não vou me esquecer.
Prazer.
Ok!
Outro.


:

Eu nunca soube exatamente o que ela diria
Pois fiquei recolhido em meu silêncio
À espera da próxima poesia

E agora se faz real
O que um dia fora-me apenas
Fantasia.

22 novembro 2006

Alento

Tu fizeste do meu pranto
A tua felicidade
É por isso que agora
Eu choro

Choro cada vez mais!
Não o choro arrebatado
No qual tu te regozijas,
Mas o choro que cai devagar
E agoniza

Choro lentamente,
E enquanto eu chorar assim
Tu não sorrirás, mas
Carregarás somente
A dor

A dor de estar só
E sempre
Na iminência de um sorriso.

21 novembro 2006

Iaiá

É muito mais do que minha menina;
Universo de infinita beleza
É a inspiração de toda a Natureza
E a melodia para qualquer rima

Quando sorri, traz pra si todo o encanto
Pois seu sorriso é flor de bem-me-quer
Que transforma a tristeza em amor tanto
E a solidão em beijo de mulher

Em seus olhos foi que Deus inventou
Dos poetas o mistério profundo
Quando em vão tentam traduzir o amor

Nela há toda a ternura deste mundo
E a felicidade de estar em paz;
Iaiá é o Amor pra sempre, e demais.

Iaiá II

Tu ainda és aquela que num dia
Eu desejei por toda minha vida
Regozijar pra sempre em companhia;
Fazer encontros, e não despedidas

Mas se hoje já não tens o mesmo rosto
Se teu coração mudaste de dono...
Saiba que, pelo sentimento oposto

deixo aqui inacabado
o soneto que eu
com certeza
escreveria pra você


esses dois poemas fazem parte do livro "A Epopéia de um Amor"

20 novembro 2006

Sutil Indiferença

Achei engraçado, um engraçado bem amarelo, sem graça, que não tem cor. Enquanto a fome avassaladora, enquanto a miséria, enquanto o "tio dá um real" é só com o vizinho, não havia tanto alarde para a... FOME! Exatamente, a FOME.
- O quê? Uma criança do vale do Jequitinhonha morreu por desnutrição?!
- Sim...
- Que pena!

Versão II

- O quê? Uma modelo morreu por anorexia?
- Sim...
- Ai meuuuuuu Deus! Como isso é possível??!! Olha, está até na capa das revistas! Está na capa das revistas. Como pode alguém "morrer de fome"?!


E assim termina a história e quase ninguém nota a sutil (in)diferença.

12 novembro 2006

Dois

Eu acendi um Cigarro, mas não esse Cigarro que se vende em qualquer bodega, não esses Cigarros das crônicas comuns, muito menos os Cigarros dos filmes de Róliude. Era Cigarro proibido de se fumar naquela época. O primeiro trago veio como um abraço quente, estreito, desses que apertam o peito e sufocam a respiração; não essa respiração compassada e profunda dos apaixonados, mas a respiração acelerada e superficial dos aflitos. Não havia ninguém na rua, Eu estava sozinho comigo mesmo, até que no segundo trago apareceu outro alguém. Quem? Eu. Sentei-me ao meu lado, como quem não queria nada; pedi-me um trago... tudo bem, fuma aí. Você não tem medo dos homem te pegar fumando? Você não tem medo de andar sozinho nesse escuro? Vá lá que não era um escuro de noite comum, que tem a Lua como fresta ou o brilho das Estrelas; era o escuro pleno, o escuro do sono, que não há arte que retrate, senão a arte de retratar com palavras. Ficamos ali sentados, Eu e Eu, esperando silenciosamente o que poderia ocorrer. Ventava.
De repente ele me disse que sentia algo se aproximando... se aproximando... se aproximando! Eu não enxergava nada, tão somente a brasa do Cigarro. Olhe, é a Vida que está passando por aqui; vamos, a Vida!!! O quê? Venha, a Vida está passando, corre, vamos com Ela. Bobagem, rapaz! Venha, venha se aventurar, a Vida!!! Não estou vendo nada. Então Eu vou sem Você, adeus! Para onde foi? Sumiu.
Ele pegou carona com Ela, enquanto que Eu, rindo da tolice Dele, voltei para casa, certo de não ter visto nada. Bobagem... devaneios da mente só. Vida? Sei lá... guardei meu isqueiro no bolso esquerdo da calça e voltei para o meu Lugar na Cidade, pois passava das Dez e no outro dia eu precisava acordar cedo para Trabalhar.

10 novembro 2006

Conversa de Cumpadi

- Ele foi quando?
- Uai... quem me contou que ele tinha ido, disse que ficou sabendo que ele tinha ido muito tempo dispois d'ele ter ido.
- Humm...
- E olha que faz tempo que me contaram que ele tinha ido.

07 novembro 2006

um desenho



Estou permeando o caminho do desenho. Eu sempre tive vontade de desenhar o professor durante a época da escola, pois sempre tive professores muito figuras. Durante aquelas aulas infindas eu, sempre sentado no fundo da sala, ficava olhando para o mestre e imaginando um retrato caricatural, porém nunca deu, acho que é porque nunca tentei. Mais engraçado é que no ensino médio eu estudei, estudei e estudei, e no fim fui parar na faculdade de música ao invés de fazer um "curso de verdade" - como alguns me aconselharam. Agora que tenho todo o tempo do mundo para fazer meu "curso de mentira", fico mais a escrever e desenhar do que a tocar.
Qual será o próximo verbo?

06 novembro 2006

Que é que tanto pensam
As pessoas
Que passam
A vida toda
E não escrevem
Os seus poemas?

04 novembro 2006

Lição

Os adultos
Sabem sempre de tudo
Conhecem tudo
Viram de tudo
Viveram quase tudo

As crianças acham
Que os adultos
Sabem sempre de tudo
Que conhecem tudo
Que viram de tudo,
Viveram tudo!

Não que sejam ingênuas, as crianças
Não que sejam confiáveis, os adultos
Mas as crianças acreditam nos adultos
Que não acreditam nas crianças,
E perdem assim
A oportunidade de acreditarem
Com a arrogância disfarçada
Que realmente

Sabem sempre de tudo
Conhecem tudo
Viram de tudo
E viveram quase tudo

01 novembro 2006

Tentando Explicar

Como tudo que é real
Foi infinito
Mas até agora
Não chegou ao fim

Pensamento fixo
Que definitivamente
Fica;
Se fosse irreal
Eu teria esquecido

Como tudo que é verdadeiro
Continua enganando
Maltratando
Benfazendo
O bem-querer;
Qualquer palavra
Que tente explicar
Não passa
De aproximação

Foi fingimento infinito
Que acaba
Quando se quer
Deixar continuar;
E mesmo assim
Torna-se um penar
À medida que parece
Ser eterno
Ou real.


** escrita em Ribeirão Preto, aos dias 16 de janeiro de 2003