Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

30 setembro 2006

Epitáfio

"Aqui jaz
Um alguém
Que foi na vida
Um desempregado

E Poeta nas horas vagas..."

27 setembro 2006

Arco-Íris

Para ver melhor Para ver melhor
A laranja do pé, arranja lá A laranja
Na maré longe Na maré longe Na maré lon
Óculos para ver de perto Óculos para ver de per
Ao acazul Ao acazul Ao acazul Ao acazul Ao acazul
No céu de anil No céu de anil No céu de anil No céu de
Um baú de cores e violetras Um baú de cores e violetras Um




**Para a Lorrainne

25 setembro 2006

Conto do Telefone

No exato instante em que eu desliguei o telefone, tudo virou poesia!

Eu havia saído de um ensaio, era um pouco de noite, não chovia, mas eu carregava um guarda-chuvas. Quando parei e disquei um número. O cartão possuia 30 unidades, daria pra falar um pouco. Aleatoriamente caiu num número tal. Ninguém atendeu. Lei de Murphy? Redisquei o mesmo numero aleatório, apertando a tecla #. Uma voz feminina atendeu, pigarreou e, antes que ela dissesse algo, eu comecei a cantar. A minha voz quase sumiu. Ela disse "Tuco!" - continuei cantando, e no fim da primeira estrofe ela disse: acabei de fazer um bolo. Ah, só ela mesmo pra me dizer algo assim tão desconcertante, eu não esperava uma frase tão nonsense como essa. E eu fiquei ouvindo suas coisas, ela contando pra mim, como se eu fosse o tal do Tuco! Mas não... eu não era o Tuco, assim como eu não sei quem é a moça que me deu uma receita de bolo, sem saber quemeu sou. E eu, sem saber quem ela é.

22 setembro 2006

O Retrato do Espelho

Em mim o quanto sou de mim?
Um pouco de pranto e passado
Com lembranças incertas
De um futuro prorrogado
De que valem tantos minutos vividos inteiros
Para então uma vida de sonhos despedaçados?

O quanto de mim fluiu-se no tempo?
Pelas passagens irreais
De contos e poemas
Pelas vidas surreais
De Anas e Lorenas
Que fizeram-me o que eu não sou
REconheci-me tarde, pois
O poeta fracassou.

Num vazio que trago em meu peito quase cheio
De amores e angústias
De rancores e receios
Onde posso me encontrar
Se encontrei-me já perdido?
Pois se dúvidas são o meu penar
Sou que sou apenas labirinto

Sou de mim o companheiro
E também o inimigo.

(Uberaba 16/11/2002)


**Poesia do livro Ensaios Para o Grande Amor, que será lançado em breve

20 setembro 2006

Questão

É tarde. É noite. É dia. Não sei.
Não sinto frio. Não sinto fome. Apenas sinto.
Um pouco de solidão. Um pouco de melancolia.
Saudade talvez.
Medo. Angústia. Insônia. Pensamentos vagos.
Não penso em nada. Não tenho nada.
Nada de mim. Nada de alguém. Nada.
Sobram-me as palavras. Minhas palavras.
Palavras que esperam. Assim como eu espero.
O quê?! Não sei dizer.
É por isso que tudo
Sempre acaba em poesia.

19 setembro 2006

Poema da Saudade



Após os beijos, a lembrança
Após os abraços, a sutil esperança
Após os carinhos, um aperto de mão
Que estremece a alma
Em dura punição

Após o sorriso, olhos molhados
Após as flores, um bilhete rasgado
Após os gestos, nenhuma palavra
Em favor da tristeza
Que abraça e desacalma

Após as palavras, o silêncio
Após amantes, amigos
(ou quase amigos)
Após a cura, a dor
Após o fim... ainda assim, mais forte,
O Amor.

16 setembro 2006

Frase de camiseta II

Odeio essa sua falsa preocupação por mim, como se você, com sua psicologia barata de auto-ajuda pudesse me ajudar, e então dormir feliz por ser uma pessoa de bem.

14 setembro 2006

Uma História de Amor

Eu te amo!!!

Eu te amo!!

Eu te amo!

Eu te amo

Eu te amo?

Eu te amo??

Eu te amo???

Eu te amo?!

Eu te amo...

Eu te amo..

Eu te amo.

E
U
T
E
A
M O................................


Eu te moa

Ue te oam

Ut em oae

Tm ee auo

Oma et ue

Meetaou

Taoueme

Atrsfsvls

Mathsop

...

...

Amo

Te

Eu

Eu

Te

Amo

Euteamo

Eu te amo

Eu te amo!!!!!

Eu te amo!!!!

Eu te amo!!!

Eu te amo!!

Eu te amo!

Eu te amo???

Eu te amo????

Eu te amo?????

Eu te amo...

Eu te amo..

Eu te amo.

Eu te amo

Eu te am

Eu te a

Eu te

Eu t

Eu.

09 setembro 2006

Linda Flor


Fez-se primavera ao primeiro riso
D’esta alva flor que em meu jardim reside
Sorrindo sempre, para o meu alívio
De que outra brisa traga o inverno triste

E a alegria enfeitou a paisagem:
Borboletas, céu de anil, sol dourado;
Noutros jardins as flores mortas se abrem,
Provando que esse riso é iluminado

Toda vida agora é só uma estação
Por onde o amor casto se faz presente
Sem se olvidar de nenhum coração;

Não mais padeço em prantos, finalmente,
Pois lá de fora estarei sempre a ver
A linda flor que eu chamo “Bem-Me-Quer”.

04 setembro 2006

Gole de Poesia

De pouco
Em pouco
Esvai-se
No copo
O corpo

Abrindo passagem
Pra alma
Distante