Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

22 setembro 2006

O Retrato do Espelho

Em mim o quanto sou de mim?
Um pouco de pranto e passado
Com lembranças incertas
De um futuro prorrogado
De que valem tantos minutos vividos inteiros
Para então uma vida de sonhos despedaçados?

O quanto de mim fluiu-se no tempo?
Pelas passagens irreais
De contos e poemas
Pelas vidas surreais
De Anas e Lorenas
Que fizeram-me o que eu não sou
REconheci-me tarde, pois
O poeta fracassou.

Num vazio que trago em meu peito quase cheio
De amores e angústias
De rancores e receios
Onde posso me encontrar
Se encontrei-me já perdido?
Pois se dúvidas são o meu penar
Sou que sou apenas labirinto

Sou de mim o companheiro
E também o inimigo.

(Uberaba 16/11/2002)


**Poesia do livro Ensaios Para o Grande Amor, que será lançado em breve