Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

25 setembro 2006

Conto do Telefone

No exato instante em que eu desliguei o telefone, tudo virou poesia!

Eu havia saído de um ensaio, era um pouco de noite, não chovia, mas eu carregava um guarda-chuvas. Quando parei e disquei um número. O cartão possuia 30 unidades, daria pra falar um pouco. Aleatoriamente caiu num número tal. Ninguém atendeu. Lei de Murphy? Redisquei o mesmo numero aleatório, apertando a tecla #. Uma voz feminina atendeu, pigarreou e, antes que ela dissesse algo, eu comecei a cantar. A minha voz quase sumiu. Ela disse "Tuco!" - continuei cantando, e no fim da primeira estrofe ela disse: acabei de fazer um bolo. Ah, só ela mesmo pra me dizer algo assim tão desconcertante, eu não esperava uma frase tão nonsense como essa. E eu fiquei ouvindo suas coisas, ela contando pra mim, como se eu fosse o tal do Tuco! Mas não... eu não era o Tuco, assim como eu não sei quem é a moça que me deu uma receita de bolo, sem saber quemeu sou. E eu, sem saber quem ela é.