Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

31 dezembro 2006

Eu Te Amo

Eu vou sorrir para você
E dizer que te amo cada vez mais
Quando, aos 64,
Você olhar para mim
E pedir para eu regar
As flores do seu jardim

29 dezembro 2006

Carta para espantar a solidão

Meu Amor,

Gosto de dar presentes, por isso serão todas pra você as flores que plantei. Tenho um lugar pra morar que cabe outro coração, e quando vierem mais, eu estarei preparado. Sou romântico, gosto das coisas simples da natureza, por isso um piquinique no final de semana não seria nada mal. Quem sabe possamos viajar juntos para qualquer canto do mundo, e eu ficaria por conta das fotografias em preto e branco.
Esse meu jeito calado é para lhe observar, e assim eu descobrirei cada particularidade sua, desde suas manias, até o seu tempero favorito. Sei cozinhar.
Serei paciente quando seus hormônios exigirem, e tampouco arriscarei uma palavra que possa lhe desagradar. Eu aprendi a controlar o meu ciúme; e confesso que eu prefiro você de mini-saia.
Gosto de boa música e de um bom vinho. Aprecio restaurantes à meia luz e Chico Buarque
Prometo que aos 64 levarei café pra você.
Toco violão, e sou poeta.
Não sou fumante.

Enfim, só quero dizer que eu estou pronto para me casar, e até já comprei uma agenda para que eu nunca esquecer a data do seu aniversário.

27 dezembro 2006

De Quintana e Tom, para Mariana

"mariana!
bela mariana
?sabe essas coisas
que estão por aí
atravancando o seu caminho?
vou te contar:
elas
passarão...
e você
passarinho!"

26 dezembro 2006

17 de Agosto

cada poesia que eu escrevi,
que eu rabisquei,
dessas que publicaram
e até as que eu não fiz
(ou nem terminei),
foram escritas
porque eu tenho o costume
de anotar as coisas
que eu tenho para lhe contar

24 dezembro 2006

Dois caipiras falando sobre os últimos acontecimentos

[no sítio, sentados na porteira do curral, enrolando um cigarro de palha]

- Era uma magrela, Cumpadi. Trabaiava de modelo.
- Pesava quanto?
- Menos que uma porca.
(espantado)
- Uai Cumpadi...
- É por isso que ela morreu.
- Morreu de quê?!
- Falta de ar...
(mais espantado ainda)
- Falta de ar?!?!?!
- Pois é Cumpadi. Falta de armoço.

21 dezembro 2006

Com os Meus Olhos

Se você pudesse ver com os meus olhos
Veria uma tempestade caindo diante de mim,
E as águas escorrendo lentamente,
Lentamente...
Caem as águas lentamente
Enquanto a tristeza permanece;
Como nos dias de chuva em que eu estou só.

Mas acontece
Que não está chovendo,
E muito menos anunciam os ventos
A tempestade;
Faz sol lá fora

A verdade é que eu choro
Pois você não está aqui
Para ver com os meus olhos.

19 dezembro 2006

Flores à Capitu

Capitu, tu que és forte
Tu que és tu
Tu que és Capitu,
Sabemos de quase tudo
De tua alma
Dos teus olhos
Do teu amor

Olhe para cá, Capitu
Que eu te farei casta;
Pois, se pecaste
Não foi porque traíste,
Mas tão somente porque foste fiel
Aos próprios olhos.

15 dezembro 2006

ERRENKA

Cansado de assistir TV?
Cansado de jogar video-game?
Cansado de ficar esperando alguém entrar no MSN?
Cansado de trabalhar?
Cansado de poesia?

www.errenka.blogspot.com

Entre lá, porque a vida é agora (ou nunca)

11 dezembro 2006

Sutil Indiferença II

- Patrão, a gente não entende o que eles querem dizer!!!! Ah esses muçulmanos...
- É simples, a gente joga umas bombas lá, entra com o exército, impõe uma democracia de papel, e a paz está feita.

Armas de fogo contra pedras


Versão II
- Amor, ele tá fazendo birra e não consigo fazê-lo parar de chorar!!!! Ah essa maldita criança...
- É simples, pega a cinta e bate com toda a força, depois bate mais, e depois bate mais... um tapinha não dói.

Um adulto contra uma criança




Guardando as devidas proporções, a violência se transveste em uma falsa tentativa de Paz.
E ninguém nota a sutil (in)diferença.

09 dezembro 2006

Triunfo das Nulidades

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

(Rui Barbosa)

08 dezembro 2006

Voltas

Não há como dizer que chegamos ao final; você ainda me pragueja quando me vê passar feliz, você ainda guarda o meu retrato no fundo da gaveta, você ainda tem a mesma senha cujas iniciais você bem sabe o que significa. Você disse que chegamos ao final, mas quando se lembra de mim, fica com raiva por eu ter lhe traído... e morre de ciúmes. Você se lembra de mim quando ouve aquela música, e sabe muito bem que aquele poema foi pra você. O meu telefone ainda está anotado na agenda do ano retrasado.
E por mais que você tenha se afastado de mim, Querida, você não vai conseguir ir tão longe assim, pois quando sentir-se só, vai fazer tudo outra vez, e quem sabe desejar meus beijos... os meus beijos. E então faremos amor na sua cama, do jeito que sempre foi; e aí talvez você poderá dizer que chegamos ao fim, sim: você de pernas bambas, e eu fumando um cigarro observando a sua nudez desavergonhada.

06 dezembro 2006

Poema Noturno

Não há luz sobre a estrada
Não há transeunte pela madrugada
Toda claridade se apagou
Aonde leva a estrada?

Quem não conhece o caminho
Não saberá responder;
É madrugada escura
E o horizonte está ali
Na próxima esquina.
A estrada porém
Vai além

E até amanhecer
Ninguém saberá responder
Aonde leva a estrada
(a não ser o transeunte,
que aqui não está...)

E assim,
A estrada permanecerá sem fim
Até que o raio primeiro de sol
Clareie os caminhos
Do novo dia.

03 dezembro 2006

Universó

O meu mundo
É aqui dentro,
E os olhos
São as janelas
Que me mostram
O que há lá fora:

O que, há muito
Eu mandei embora.