princípio bastardo
as suas falsas necessidades
Porque a poesia pertence aos que precisam dela
Estamos quase em 2008 e tem gente afirmando que podemos nem chegar a 2050. A constante degradação do meio ambiente é o que anuncia esse “apocalipse”; tsunamis, aquecimento global, a questão da água, etc, são conseqüências diretas da intervenção gananciosa do homem no meio ambiente.
É por isso que estamos num momento da História em que devemos ampliar, cada vez mais, os horizontes de nossas percepções, e reconhecer nossa parcela de culpa na destruição do mundo. O homem do século XXI deve saber que é possível viver em harmonia com a natureza. Isso começa pela reconstrução imediata do Homemulher; no ensino de valores nobres, como a Paz, a Liberdade, o Amor, a Sinceridade, a Humildade, o Bem-Comum, a Solidariedade.
Esses valores, exercidos no dia-a-dia, geram relações mais sinceras e saudáveis. Mais que isso: é a forma mais concreta e direta de melhorar o mundo, por isso a mudança começa nas situações do próprio cotidiano. Se hoje não temos esses valores bem arraigados, é porque algo está errado, inclusive algumas verdades absolutas que foram passadas para nós. O caminho da reconstrução do mundo passa pela reconstrução dos Valores, do Homem e da Mulher; e seu início está na reforma da maneira de pensar.
O primeiro passo na Revolução do Pensamento é o mais difícil: reconhecer e abdicar certos privilégios. Pode ser difícil, mas não mata. Muitas vezes, renunciar aos privilégios significa agir em prol do bem-comum. Um exemplo: Sabe por que o muleque-sem-tênis não pensa duas vezes em tomar o Nike do muleque-de-tenis? A Nike terceiriza sua produção para empresas do mundo subdesenvolvido (México, Indonésia). Nesses países, o trabalhador é explorado com longas jornadas de trabalho, muitas vezes sem direitos trabalhistas e baixos salários. O muleque-sem-tênis sabe disso? Claro que não, mas o Tênis sabe... Eis a Globalização. Já a Nike, dentro da Lei ela está isenta de culpa, e com sutileza, esconde isso do consumidor.
Somos vítimas da propaganda. Esse deslumbre por Marcas & Rótulos, torna-se uma insanidade à medida em que afasta o homem de relações sociais mais profundas. Somos seduzidos dia-a-dia pelo marketing, por meias-verdades, por lixo cultural; mas mal temos tempo para refletir que tudo isso trata-se de um suborno à nossa natureza e ao nosso respeito.
Então, a renúncia aos privilégios é a resposta para todo esse circo armado, pois hoje a desigualdade social está presente, inclusive, naquilo que consumimos. Tudo bem, até pode ser que a Nike patrocine ONG’s, campanhas pela paz, eventos esportivos; mas não temos mais tempo para Boas Ações Pela Metade.
O pós-Bem é o resultado dessa Revolução do Pensamento. É o ser-humano em contato com o ser-humano, é o rompimento com verdades absolutas. No pós-Bem, não basta apenas doar o pão. Não basta apenas votar. Não basta apenas ser educado. Não basta apenas pedir a Deus. É preciso tudo isso, e além: tirar o Nike, o carro, as etiquetas, as vaidades, o luxo, o privilégio, o saldo bancário, o lucro, o consumismo exagerado e o egoísmo do pé. É trocar o shopping de rio preto por uma volta na praça, por exemplo.
Pois, no fim de tudo, o pós-Bem é o exercício pleno e irrestrito da Solidariedade; revista e ampliada.