Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

15 agosto 2007

o quanto resta de vida?
o quanto resta de corpo?
o quanto resta?

o quanto resta do salário
o quanto resta do mês
o quanto resta da mentira
o quanto resta do cigarro
que queima
e não aquece?

o quanto resta de vida?
dessa vida que chega de uma vez,
acalma
e desaparece
(?)

o quanto resta de vida?
é nada

o que resta
é a sobra do café na xícara
que esfria sem querer
mas que depois
a gente lava.

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.