Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

28 março 2007

Suíte para Ela

I

Meu Amor, lembra-te daquelas tardes
em que o nosso amor brotava no peito
de uma maneira inocente e sem jeito
que mal cabia em nossa'lma covarde?

Como era bom aquele nosso tempo!
tu andavas com uma rosa nos cabelos
e espelhava no semblante o contento
de amor virgem, que ainda sonho em vê-lo

Onde tu estás agora, Minha Amada?
procurei por ti em tantos amores
mas o que deles guardei foi um nada.

O que me resta é te amar em segredo;
não me remoendo em caladas dores,
mas te fazendo eterna em meu soneto.



II

atravessou as portas e janelas
dourando porta-retratos e umbrais,
desfez meu sonho que sonhava nela
e matou a noite com seus punhais

por que tu viestes me despertar?
tu sabes que não é feliz a vida
de quem fez do encontro uma despedida
e tem, por quinhão, jamais remoçar...

ó, Raio-de-Sol! sou feliz sonhando;
é assim que eu esqueço o lamento tanto!
pois dos sonhos nasce o poema, e,

desse poema, faz-se a fantasia.
e então reacende n'alma a alegria
daquele amor que há mui tempo eu Vivi.