Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

07 fevereiro 2007

Conselho

Ainda que seja uma tentação
Não faça do meu amor um vício;
Beba-o devagar
Como um gole de uísque
Tomado aos poucos
Na última mesa no fundo do bar;
Beba-o
Acompanhado de um cigarro aceso
Que agoniza por entre os dedos,
Saboreie-o
Ao som de um velho blues
Tocado na vitrola de sua casa vazia sem tv,
Na sua casa vazia sem ninguém,
Na sua casa vazia sem retratos,
Na sua casa vazia sem mim.

Eu aconselho a você
Que embriague-se do meu amor
Até que fique só,
Jogada sobre a mesa suja
Esperando eu levá-la para casa;
Faça do meu amor a sua única loucura,
E que a ressaca seja o alento
Para você se arrepender
De tudo o que já fez;
Mas que no outro dia
Você se embriague dele de novo
E faça tudo outra vez,
Como que para me esquecer

E ainda que seja uma tentação,
Não faça do meu amor um vício;
Ainda que seja um prazer,
Tenha cuidado com o meu amor
Pois ele pode ser um caminho sem volta.