Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

11 janeiro 2007

A flor que eu mais queria

Era lá pelo tempo de menino
Que de vez em quando dava de chover estrelas,
E chovia que chovia...
A gente morava na fazenda
E era só lá que isso acontecia.
Tinha que ver:
O pasto brilhando que nem o céu
E a gente ficava dentro de casa
Recolhendo num balde
As estrelas pititicas
Que vinham da goteira;
Mamãe ficava de perto
E não deixava ninguém se molhar
Porque andar no pasto era perigoso
Cobra é que não tinha
Mas as pontas das estrelas davam de cortar o pé.

Aí quando o sol abria
Lá ia eu e mais a molecada
Plantar na terra do cerrado
As estrelas da goteira.
Era uma festa na fazenda!
Cada semente de céu
Era plantada no quintal
Para daí um tempo depois
Brotar flor bonita
Pra gente dar pras namoradas.
Elas gostavam, e a gente ganhava beijo.

Acontece que
A flor que eu mais queria
Não tinha jeito de pegar.
É que de vez em quando dava de nascer,
No lugar da flor vermelha,
O retrato da Iaiá.
Mas esse mamãe não deixava a gente colher...
'Que retrato da Iaiá é coisa rara.

1 Comments:

Blogger Priscila Silva said...

lindo, perfeito! sua sensibilidade é magnífica!


parabéns!

11:34 PM  

Postar um comentário

<< Home