Palavras Limpas

Porque a poesia pertence aos que precisam dela

03 julho 2006

Florescer

Em nossa carruagem
Negra como o céu
De uma noite
Que jamais teria fim...
O teu corpo envolto ao meu,
Num suspirar profundo de desejo,
Pedia o doce toque de veludo
Que morava em minhas mãos

Mergulhados num só pensamento,
A razão dos extensos beijos
Se fazia mais real...
Pois fora dali nada impediria
As nossas trocas de carícias
De uma noite de amor nupcial

Ó pálida lembrança!
Do teu seio quase oculto...
Dos meus olhos abaixo dos teus...
Implicando a cada pulsar
A nossa fuga,
Que se fazia pelo prazer

Nossos trapos,
Entrelaçados entre nossos pés,
Já não mais escondiam
O corpo que ora era meu
E ora era teu...
Abraçados num fervor incandescente
A chama do teu desejo
Só pedia a água
Da minha boca

E então, de uma vontade
Além da flor da pele,
Fiz o tempo do meu viver
Parar.
Ora tendo-te perto,
Ora tendo-te distante;
O teu sussurro em meu ouvido
Era a mais bela canção
Que, naquela noite,
Se fez soar...

O teu corpo forte no meu,
A tua marca de batom
Destruída pelos meus lábios;
Transformaram-se em vestígios
Que todas as noites
Trazem-me saudades

Aquela noite que sobrevive
Passando como um filme
Num arrepiar de desejo meu,
Jamais morrerá...
O meu coração jamais se esquece
Daquela noite que muito durou,
Daquela noite que, rapidamente,
Já era dia...
Naquela noite, enfim,
Entre a nudez do teu corpo com o meu,
O nosso amor
Florescia...


**Para Cintia